O senador Marcos do Val (Podemos-ES) apresentou na segunda-feira (27) um pedido para que o ex-deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ) preste esclarecimentos à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado sobre o episódio de tentativa de homicídio contra o então candidato Jair Bolsonaro, durante a campanha eleitoral.
Ontem, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) usou as redes sociais para acusar Wyllys de ligação com Adélio Bispo, autor da tentativa de homicídio contra Bolsonaro em setembro de 2018. Carlos compartilhou um tuíte de Oswaldo Eustáquio, um jornalista ligado ao bolsonarismo, que dizia: “Urgente: Última testemunha viva que esteve com Adélio Bispo confirmou em depoimento à Polícia Federal na manhã desta segunda-feira que o elo perdido entre Adélio Bispo e a Câmara Federal é Jean Wyllys”. Oswaldo Esutáquio é casado com a secretária nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Para que o convite a Wyllys aconteça, é necessário que os membros da CCJ aprovem o requerimento, o que ainda não ocorreu. Segundo o autor do pedido, estão sendo analisadas outras formas de votação do requerimento, visto que as reuniões presenciais das comissões estão suspensas.
Para a líder do Psol na Câmara, Fernanda Melchionna (RS), trata-se de um ataque a Wyllys motivado pelo gabinete do ódio, grupo comandado por Carlos e que atua no terceiro andar do Palácio do Planalto. Ao Congresso em Foco, ela classificou o requerimento de “escandaloso”. “Eu acho que é extremamente grave que eles tentem criminalizar uma vítima que já sofreu muito por conta das fake news dessa extrema direita, que obviamente é vinculada ao gabinete do ódio”, disse.
“O tempo precisa ser mais rápido para punir esses criminosos da extrema-direita e reproduzidos agora por esse senador”, criticou ela.
Melchionna considera haver tentativa de desviar o foco das investigações da Polícia Federal sobre a atuação digital de Carlos Bolsonaro e da profusão de pedidos de impeachment contra o presidente. Em pronunciamento em sessão do Plenário da Câmara na noite de ontem, Melchionna repudiou as acusações contra o ex-deputado e mandou recado aos acusadores. “Eu digo tique-taque para eles. O tempo está chegando. Vocês vão ser presos, seus mentirosos, demagogos, quadrilheiros”, disse ela.
Para o senador Marcos do Val, o convite a Wyllys é uma oportunidade para ele esclarecer a acusação e encerrar o assunto. “Eu não tenho link nenhum com os filhos do Bolsonaro, muito menos com esse gabinete do ódio. Eu simplesmente tomei a iniciativa”, alegou o senador.
Reeleito para um novo mandato como deputado federal, Jean Wyllys renunciou ao cargo no início de 2019 alegando ameaças de morte e foi para o exterior. Sua vaga na Câmara foi ocupada por David Miranda (Psol-RJ).
Fonte: Congresso em Foco
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